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A coragem atrás da cortina das redes sociais

Costumo dar uma espiada nas postagens em grupos de familiares no Facebook. Muitas vezes encontro assuntos interessantes, onde posso participar e ajudar. Atualmente, vem me chamando a atenção, a crítica nos comentários.   
Dessa vez, o assunto era sobre a escrita de uma mãe. Ela informava sobre as dificuldades do filho, que era autista e, pelos sintomas que descreveu, não era “leve” e nem “moderado”. 
Como exigir clareza de uma mãe que recém recebeu o diagnóstico? Não sabemos como ela está se sentindo… nem quais são as suas condições físicas e mentais. Ela pode ter se agarrado à esperança de que o “autismo do seu filho é leve”, imaginando um futuro mais fácil talvez. E se está em um daqueles dias exaustivos, com um emaranhado de compromissos, que parecem nunca terminar? Tão pouco tempo as mães têm, tanto cansaço…

Como lhe cobrar coerência? Ela consegue se expressar melhor?

Haverá tanto tempo na vida ainda para se dar conta do futuro de seu filho…
Isso é motivo para ironias?
Confesso que me senti muito desconfortável ao ler os comentários entre a ironia e a crítica. É claro, todo mundo tem o direito de opinar, mas será que, pessoalmente, diríamos o mesmo a ela? 
São muitas as questões que me faço quando percebo a ironia nas pessoas. Eu não gosto. Ironia me parece vir de mãos dadas com a agressividade. E por que esse tipo de diálogo entre pessoas que estão na mesma trincheira da vida? Há tanto a lutar! E me sinto triste ao perceber que muitas mães não conseguem se colocar no lugar de outras mães. Cadê a empatia?
A luz no final do túnel
“Esperança é uma crença emocional na possibilidade de resultados positivos relacionados com eventos e circunstâncias da vida pessoal. A esperança requer uma certa perseverança — i.e., acreditar que algo é possível mesmo quando há indicações do contrário. O sentido de crença deste sentimento o aproxima muito dos significados atribuídos à .” (Wikipédia)
Não podemos perder a capacidade de acreditar. Sem esperança, o que faremos? Precisamos acreditar para seguir.
A esperança é alimento em nossa vida, dá força a quem cuida, traz energia para lutar. Um filho com deficiências precisa muito dos pais, da mãe com seu olhar nos detalhes, do pai para pensar o espaço, o movimento, o território. Os dois são imprescindíveis no caminho dessa criança.
Creio que as mães devem ter esperanças permanentes. Eu não pude diminuir a minha. A esperança me fez acreditar em utopias. E isso me fez caminhar. Com quatro filhos e o cotidiano com um autista, eram a arte e o brinquedo que possibilitavam interações.
Foi a esperança que me fez andar, a crença de que sempre se poderia conseguir algo melhor no futuro… e para isso foi preciso lutar.
Vamos nos dar as mãos?
Nem sempre o grupo é o melhor lugar para receber apoio. Se você quer ajudar, acesse inbox e ofereça seu carinho que, mesmo à distância, diminui a solidão. Muitas mães cuidam sozinhas. 
– Você precisa de ajuda?…- Ouvir um pouco a dor do outro com empatia não é difícil. Somos todas mulheres unidas pela mesma dor, mesmo caminho a seguir. Experimente. Conte como foi com você, caminhos que seguiu e deram certo, ensine a “pescar”…
Fazer o bem nos faz bem!
Um pedido
Vamos olhar para os familiares com carinho, com a empatia que desejamos que tenham conosco?
Ler e escrever com o coração? Acolher por solidariedade.
Todas nós estamos no mesmo barco lutando por apoio, por cuidados, por medicamentos, por terapias, por moradia para nossos filhos quando envelhecermos… pela vida.
É importante que estejamos juntas, com os pais sempre que for possível, e de mãos dadas.
Recebam meu carinhoso abraço nessa semana da MULHER, guerreiras pela vida!
Nota:
Em 2007, estive em Congresso Sul-Americano de Arteterapia em Buenos Aires e levei um poster. Meu objetivo foi mostrar que mães precisam de cuidados também. Eu recém atendera um grupo de mães com Arteterapia. Todas tinham pouquíssimo tempo para o autocuidado. Aprendi muito com elas, sou muito grata a todas.

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corações
Marilice Costi é escritora, poeta, contista. Especialista em Arteterapia e Capacitada em Neuropsicologia da Arte, é graduada em Arquitetura e mestre em Arquitetura pela UFRGS. Publicações: livros e artigos. Foi editora da revista O Cuidador.
 
Nos COMENTÁRIOS abaixo, deixe sua opinião. Lembre-se de enviar a outros pais, professores e outros cuidadores. Agradeço.

3 respostas

  1. Amiga, minha luta é eterna, sempre foi em defesa da pessoa portadora de deficiência.
    Nossa luta continua. Estamos juntas…

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