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@Marilice Costi, 1987 – Direito Autoral de Publicação

 

tilintam as chaves
ao apito da fábrica

as portas aguardam
a última caminhada
tilim

aos passos de meu pai
o soalho e as chaves
derradeiros sons
tilim… tilim…

penduradas ao cinto
quase uma lua cheia

tantas chaves!

cerram portas, portinhas, portões
e a porta principal
nos degraus
agora na avenida
tilim

tilim
ao compasso de seus passos
que se despedem
tilim, meu pai!

tilim, tilim, tiliiiiim

em minha memória
há portas abertas
e sou criança no carinho

em minha face
ao roçar da barba feita
ao perfume após o banho
em suas mãos geladas
sempre limpas
no inverno de minhas febres

tilim

Fada madrinha!
acende a varinha
e traz aquele tilim
do vermelho entardecer
do cheiro da terra
dos finais do dia

o céu sobre os taludes

a presença de meu pai
em minhas verdades
é de mãos crispadas
que não abrem
nem fecham portas

suas mãos, hoje
eternamente frias
descansam.
(1999)

__________ 

MARILICE COSTI Arteterapeuta (AATERGS 072/0808), Capacitada em Neuropsicologia da Arte (2021) e Mestre em Arquitetura. Prêmio Trajetórias Culturais Mestra Griô Sirley Amaro (2021). Prêmio Brasil Criativo (2014) – Finalista Mídias impressas para a revista “O Cuidador”, SP. Prêmio Açorianos – Livro de Poesia (2009) Ressurgimento. RS.

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Marilice Costi é escritora, poeta, contista. Especialista em Arteterapia e Capacitada em Neuropsicologia da Arte, é graduada em Arquitetura e mestre em Arquitetura pela UFRGS. Publicações: livros e artigos. Foi editora da revista O Cuidador.
 
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5 respostas

  1. Evoca a figura do seu pai ao lembrar do tilintar das chaves, metáfora de uma vida dedicada ao trabalho. Lembro-me do velho Z.D.Costi que dava trela ao jovem repórter nas tardes passo-fundenses. Boas lembranças.

    1. O passado se faz presente… o coração pulsa mais forte…o pensamento viaja. Por uns momentos, saí de São Paulo e me deixei sonhar, nas lembranças de Passo Fundo! Gratidão.

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